
Estudos Descentralizados no Brasil: Barreiras Regulatórias e Oportunidades
Os estudos clínicos descentralizados (DCTs – Decentralized Clinical Trials) estão transformando a forma de conduzir pesquisas no mundo. Com o uso de tecnologias digitais, visitas domiciliares e coleta remota de dados, o modelo permite maior inclusão de participantes e mais eficiência operacional.
No Brasil, esse formato ainda enfrenta barreiras regulatórias e estruturais, mas também abre espaço para oportunidades significativas no fortalecimento da pesquisa clínica.
1. O que são estudos descentralizados?
- Utilizam ferramentas como telemedicina, dispositivos vestíveis e coleta de dados via aplicativos.
- Reduzem a necessidade de deslocamentos frequentes dos participantes ao centro de pesquisa.
- Possibilitam maior inclusão geográfica, atingindo regiões antes pouco representadas.
2. Barreiras regulatórias no Brasil
Apesar do avanço global, alguns obstáculos ainda limitam a plena adoção dos DCTs no país:
- Ausência de regulamentação específica: a ANVISA e a CONEP ainda não possuem diretrizes detalhadas para estudos totalmente descentralizados.
- Questões éticas e de privacidade: coleta de dados à distância exige regras rígidas de segurança e consentimento.
- Limitações logísticas: envio de medicamentos e insumos diretamente ao domicílio ainda carece de padronização normativa.
3. Oportunidades para centros e patrocinadores
Apesar das barreiras, existem claras oportunidades de inovação:
- Inclusão e diversidade: ampliar o recrutamento para populações fora dos grandes centros urbanos.
- Redução de custos: menos deslocamentos, maior retenção de participantes e menor taxa de desistência.
- Dados em tempo real: uso de dispositivos vestíveis e aplicativos gera dados contínuos, aumentando a qualidade da evidência clínica.
4. O papel da legislação recente
A Lei nº 14.874/2024, ao modernizar fluxos regulatórios, pode abrir caminho para maior aceitação dos estudos descentralizados no Brasil.
- Potencial impacto: agilidade na análise ética e regulatória, desde que acompanhada de normas complementares sobre tecnologia e privacidade.
Conclusão
Os estudos descentralizados representam o futuro da pesquisa clínica, trazendo benefícios tanto para pacientes quanto para patrocinadores.
No Brasil, ainda será necessário superar barreiras regulatórias e estruturais, mas o movimento global pressiona para que o país avance nessa direção.
Centros e patrocinadores que se prepararem desde já para essa transição terão vantagem competitiva quando a regulamentação se consolidar.