Regulatório de Pesquisa Clínica

Monitoria, auditoria e inspeção em pesquisa clínica: qual a diferença?

Se você trabalha (ou pretende trabalhar) com pesquisa clínica, já deve ter ouvido falar nos termos monitoria, auditoria e inspeção. Essas atividades são fundamentais para garantir a qualidade, segurança e conformidade ética e regulatória dos estudos. Mas apesar de parecerem semelhantes, elas têm objetivos e responsabilidades bem distintos.

Vamos entender melhor cada uma delas:

Monitoria: o olhar constante do patrocinador

A monitoria é uma atividade contínua, obrigatória pelas Boas Práticas Clínicas (BPC), e realizada por um profissional chamado monitor clínico (ou CRA – Clinical Research Associate). Esse profissional atua em nome do patrocinador do estudo e tem como missão acompanhar a condução do estudo no centro de pesquisa.

O objetivo da monitoria é garantir que o estudo está sendo conduzido de acordo com o protocolo, a legislação vigente, os princípios éticos e as BPC. O monitor verifica se os dados inseridos no banco do estudo refletem fielmente o que está documentado nas fontes (como prontuários médicos e exames).

Além disso, o monitor confere o processo de recrutamento e inclusão de participantes, a assinatura adequada do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o armazenamento e uso do produto investigacional, e o correto preenchimento dos registros.

Auditoria: a avaliação independente do sistema de qualidade

Diferente da monitoria, a auditoria é uma atividade pontual e não obrigatória por lei, mas muito comum em estudos patrocinados. Ela é conduzida por profissionais independentes da equipe de monitoria, podendo ser da própria empresa patrocinadora ou contratados externamente.

A auditoria tem como foco avaliar os processos e sistemas de qualidade envolvidos no estudo clínico, com base em critérios éticos, regulatórios e científicos. O auditor não interage diretamente com os participantes nem interfere na condução do estudo. Seu trabalho é revisar documentos, verificar procedimentos e apontar melhorias ou inconformidades que possam comprometer a integridade do estudo.

Ela pode ocorrer durante ou após o encerramento da pesquisa e serve para fortalecer o sistema de qualidade antes de uma possível inspeção regulatória.

 Inspeção: a fiscalização da autoridade reguladora

A inspeção é a única das três atividades com caráter legal e fiscalizatório. No Brasil, ela é realizada pela Anvisa, podendo ocorrer de forma anunciada ou surpresa. Autoridades internacionais, como o FDA (EUA) ou EMA (Europa), também podem inspecionar centros brasileiros em estudos multinacionais.

O principal objetivo da inspeção é garantir que o estudo está sendo conduzido de acordo com a legislação nacional e internacional, protegendo os direitos, a segurança e o bem-estar dos participantes. A inspeção pode envolver entrevistas com a equipe de pesquisa, revisão de documentos e observação de processos.

Ao final, os inspetores classificam seus achados como críticos, maiores ou menores, e podem determinar medidas corretivas, suspensões temporárias ou, em casos mais graves, o encerramento do estudo no centro.

Por que isso importa?

Saber diferenciar monitoria, auditoria e inspeção é essencial para profissionais envolvidos em pesquisa clínica. Cada uma dessas atividades cumpre um papel importante na construção de um sistema robusto, ético e confiável de geração de dados.

Entender essas diferenças ajuda centros de pesquisa a se prepararem melhor, evitando falhas que podem comprometer um estudo e até a reputação da instituição.

 

Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Regulatório de Pesquisa Clínica
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.