Diferenças entre Good Clinical Practice (GCP) e Boas Práticas Nacionais
No Brasil, além de adotar princípios do ICH-GCP, também seguimos normas próprias definidas pela CONEP, ANVISA e pelo Conselho Nacional de Saúde.
Compreender as semelhanças e diferenças é fundamental para centros de pesquisa, patrocinadores e profissionais que atuam em estudos internacionais.
1. Tabela comparativa
| Aspecto | ICH-GCP (internacional) | Normas Brasileiras (CONEP/ANVISA) |
|---|---|---|
| Base regulatória | Documento ICH E6(R2), em revisão para E6(R3). | Resoluções do CNS (ex. 466/12, 674/22) + RDCs da ANVISA (ex. RDC 9/2015, RDC 555/2021). |
| Ênfase ética | Princípios de Helsinque como base ética universal. | Adicionalmente, foco em vulnerabilidade social, povos indígenas e contexto local. |
| Submissão ética | Geralmente via IRB/IEC único por estudo. | Plataforma Brasil + análise do CEP local + CONEP (quando aplicável). |
| Consentimento informado | Deve ser claro, em linguagem acessível, com direitos de retirada preservados. | Além disso, exige destaque especial para riscos e para questões culturais/linguísticas. |
| Monitoramento | Flexível, de acordo com risco. | Requer conformidade com normas da ANVISA e relatórios periódicos formais. |
| Eventos adversos | Relato em tempo adequado ao patrocinador e autoridades. | Prazos e formatos específicos definidos pela ANVISA (notificação em até 7 dias para graves). |
| Dados e registros | Integridade, rastreabilidade e confidencialidade. | Exige adequação à LGPD e auditoria eletrônica quando aplicável. |
| Treinamento da equipe | Deve ser documentado, contínuo e compatível com função. | Além disso, ANVISA e CEPs podem solicitar comprovação formal em inspeções. |
2. Análise das diferenças
- Contexto ético-cultural: no Brasil, há forte ênfase em populações vulneráveis, exigindo cuidados adicionais no TCLE.
- Complexidade do fluxo de submissão: enquanto nos EUA/Europa geralmente há um único comitê de ética, aqui temos CEP local + CONEP, o que pode aumentar os prazos.
- Integração com legislações nacionais: a LGPD trouxe camadas extras de responsabilidade sobre privacidade de dados, impactando diretamente o armazenamento de informações de pacientes.
- Inspeções mais frequentes: a ANVISA mantém fiscalização ativa, exigindo relatórios e CAPAs documentados.
3. Boas práticas para harmonizar
- Adote padrões internacionais como referência, mesmo quando o estudo é apenas nacional.
- Planeje prazos adicionais para submissão ética no Brasil.
- Garanta compliance com LGPD desde o desenho do estudo.
- Mantenha treinamentos e SOPs atualizados para atender tanto GCP quanto exigências brasileiras.
Conclusão
O Brasil já está bastante alinhado às Good Clinical Practice, mas mantém particularidades regulatórias importantes.
Profissionais que compreendem essas diferenças estão mais preparados para conduzir estudos de forma ética, eficiente e globalmente compatível.
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