CIBio e CTNBio: Entenda o Papel dessas Instâncias na Segurança Biológica e na Pesquisa Científica no Brasil
A biotecnologia moderna evoluiu rapidamente, trazendo inovações como organismos geneticamente modificados (OGMs), terapias avançadas, técnicas de edição gênica e pesquisas envolvendo agentes biológicos. No Brasil, esse avanço científico exige uma forte estrutura regulatória para garantir segurança, qualidade e ética nas atividades de pesquisa e desenvolvimento.
Duas instâncias são fundamentais nesse cenário: a CIBio (Comissão Interna de Biossegurança) e a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança). Embora atuem em níveis diferentes, ambas têm como missão central promover a biossegurança no país.
O que é a CIBio?
A CIBio – Comissão Interna de Biossegurança é a instância responsável por implementar e monitorar as normas de biossegurança dentro das instituições que realizam atividades com organismos geneticamente modificados ou agentes biológicos de risco.
Ela funciona como um “órgão local” da biossegurança e pode existir em:
- Instituições de pesquisa
- Universidades
- Laboratórios públicos e privados
- Empresas que trabalham com OGMs ou agentes biológicos
Principais responsabilidades da CIBio
- Avaliar e supervisionar projetos internos que envolvem OGMs ou agentes biológicos.
- Garantir que laboratórios e áreas de pesquisa atendam aos requisitos de biossegurança (Nível NB1, NB2, NB3, etc.).
- Treinar pesquisadores e equipes técnicas em práticas seguras.
- Implementar planos de gerenciamento de risco e descarte adequado de resíduos.
- Zelar pelo cumprimento das normas da CTNBio, da Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105/2005) e de resoluções correlatas.
Em outras palavras:
A CIBio é o braço operacional e fiscalizador dentro da instituição, assegurando que tudo seja feito de maneira segura e conforme a legislação.
O que é a CTNBio?
A CTNBio – Comissão Técnica Nacional de Biossegurança é o órgão federal, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), responsável por formular e supervisionar a política nacional de biossegurança envolvendo OGMs e seus derivados.
É a instância de mais alto nível técnico e regulatório do país quando se trata de OGMs.
Principais funções da CTNBio
- Avaliar e aprovar atividades de pesquisa, produção e liberação comercial de OGMs no Brasil.
- Analisar estudos de risco e segurança ambiental e à saúde humana e animal.
- Emitir pareceres técnicos conclusivos sobre OGMs.
- Definir requisitos e normas de biossegurança para laboratórios, instituições e empresas.
- Estabelecer classificações de risco e requisitos de contenção.
- Dar suporte técnico a outros órgãos reguladores (MAPA, ANVISA, IBAMA).
Em resumo:
A CTNBio é a instância que autoriza, regula e fiscaliza, no nível nacional, toda e qualquer atividade envolvendo OGMs.
Diferenças entre CIBio e CTNBio
|
Aspecto |
CIBio |
CTNBio |
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Âmbito de atuação |
Institucional (local) |
Nacional (federal) |
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Função principal |
Implementar e monitorar biossegurança dentro da instituição |
Regulamentar, analisar e aprovar atividades envolvendo OGMs |
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Foco |
Operacional e preventivo |
Normativo e avaliativo |
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Responsável por |
Treinamentos, infraestrutura, avaliação de projetos internos |
Pareceres técnicos, normas nacionais de biossegurança |
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Ligação |
Interna, subordinada à instituição |
Ligada ao MCTI e ao sistema regulatório brasileiro |
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Interação |
Cumpre e implementa normas da CTNBio |
Define normas que devem ser seguidas pelas CIBios |
Por que essas instâncias são importantes?
A existência da CIBio e da CTNBio garante:
- Segurança para pesquisadores e trabalhadores
- Proteção ambiental
- Controle rigoroso sobre manipulação de OGMs
- Prevenção de acidentes laboratoriais
- Transparência e confiabilidade nos resultados científicos
- Cumprimento da legislação e harmonia com padrões internacionais
No contexto atual — com crescimento de pesquisas envolvendo edição gênica (CRISPR), vacinas de RNA, vetores virais e biotecnologia ambiental — essas instâncias são ainda mais essenciais.
Quando uma instituição precisa de CIBio?
Qualquer instituição que realize atividades classificadas como:
- Manipulação de organismos geneticamente modificados
- Cultivo, teste ou experimentação com OGMs
- Uso de vetores virais
- Pesquisas com agentes biológicos de risco
- Estudos laboratoriais que envolvem contenção NB2 ou superior
Precisa obrigatoriamente instituir uma CIBio para garantir conformidade com a Lei de Biossegurança.
Como CIBio e CTNBio se complementam?
A relação pode ser resumida assim:
- A CTNBio define normas nacionais, critérios de segurança e autoriza atividades envolvendo OGMs.
- A CIBio implementa essas normas dentro das instituições e garante que tudo seja cumprido.
- A instituição executa a pesquisa seguindo as diretrizes da CTNBio e sob supervisão da sua CIBio.
- A CIBio reporta, documenta e colabora com a CTNBio quando necessário.
É uma estrutura integrada, que garante que a biotecnologia avance com responsabilidade.
Conclusão
A CIBio e a CTNBio são pilares fundamentais da biossegurança no Brasil.
Enquanto a CTNBio atua como órgão regulador nacional de OGMs — estabelecendo normas, avaliando riscos e autorizando pesquisas — a CIBio garante que cada instituição cumpra essas exigências com segurança, qualidade e integridade.
Para profissionais da área regulatória, entender o papel dessas instâncias é essencial para navegar adequadamente pela Lei de Biossegurança e pela condução ética e segura de pesquisas.


